Acordou de ressaca? O que fazer para amenizar os sintomas
- Quinta-Feira, 25 Dezembr
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Riscos da ingestão de álcool em excesso nas datas comemorativasDor de cabeça, boca seca, náusea, mal-estar geral e aquela sensação de “corpo travado”. A ressaca é tão conhecida quanto imprevisível: pode pegar leve em quem bebeu muito e castigar quem exagerou pouco. Mas o que exatamente está acontecendo no organismo? E o que realmente ajuda a melhorar?A ressaca é resultado de uma combinação de processos inflamatórios, metabólicos e neurológicos desencadeados pelo álcool. Segundo Patricia Neri Cavalcanti, nutricionista do Hospital Samaritano Higienópolis, da Rede Américas, o etanol é transformado no fígado em acetaldeído, uma substância tóxica que desencadeia parte do mal-estar.Além disso, o álcool desidrata —e isso explica boa parte dos sintomas desagradáveis. “Mesmo desidratações leves podem causar dor de cabeça, boca seca, fadiga e sensação de fraqueza”, diz a nutricionista. O álcool também irrita o estômago e o intestino, aumenta a acidez e retarda o esvaziamento gástrico, o que provoca náuseas, enjoo e desconforto abdominal.Por que há ressacas piores que outras?As diferenças começam na genética: algumas pessoas produzem ou ativam menos as enzimas responsáveis por metabolizar o álcool, o que prolonga seus efeitos e aumenta o mal-estar. Patricia explica que indivíduos com alterações hepáticas, uso regular de medicamentos ou inflamação no fígado também metabolizam o álcool mais lentamente.“Cada dose impõe estresse adicional a um órgão já fragilizado”, diz. "Por isso, duas pessoas que bebem o mesmo tanto podem ter ressacas muito diferentes."Segundo a especialista, bebidas diferentes também causam ressacas diferentes. E isso se dá não apenas pela quantidade ingerida, mas pela presença de congêneres –substâncias produzidas naturalmente durante a fermentação e o envelhecimento, como pequenas quantidades de metanol, taninos, histaminas e sulfatos.NOTA DA EDIÇÃO: Esses compostos estão presentes em níveis seguros nas bebidas legalmente produzidas e não têm relação com casos de intoxicação por metanol, que ocorrem somente quando a bebida é adulterada.No contexto da ressaca, esses congêneres podem aumentar inflamação, irritação gastrointestinal e dor de cabeça, além de intensificar sintomas como dor de cabeça, náuseas e mal-estar. Segundo a especialista:Mais ressaca: vinho tinto, uísque, conhaque;Intermediário: cerveja;Menos ressaca: vodca e gim, por serem bebidas mais “puras”.Mas ela relembra que a sensibilidade individual e a quantidade ingerida continuam sendo os maiores determinantes do estrago no dia seguinte.64% dos brasileiros declaram que não beberam álcool em 2025Adobe StockQuanto tempo o corpo leva para se recuperar?Não existe resposta única, diz Patricia. O tempo depende de:quantidade e tipo de bebida;genética e função hepática;hidratação e alimentação antes e depois da ingestão;qualidade do sono —que costuma piorar muito com álcool.Em geral, o corpo demora mais do que se imagina para se recuperar completamente. O fígado metaboliza, em média, meia a uma dose de álcool por hora, mas os efeitos inflamatórios e a piora da qualidade do sono podem se estender por 12 a 24 horas. Esse tempo depende da quantidade ingerida, do tipo de bebida e das condições de saúde de cada pessoa. Por isso, mesmo depois que o álcool já foi eliminado, a sensação de cansaço pode durar o dia inteiro.Quando a ressaca deixa de ser normal e passa a preocuparÉ sinal de alerta se houver:vômitos persistentes ou com sangue;confusão mental ou desorientação;dor de cabeça extrema;palpitações;dor abdominal intensa;diarreia com sangue;sudorese intensa ou tremores.Nesses casos, a recomendação é procurar atendimento médico.Consumo de álcool é associado ao maior risco de desenvolver câncerPavel Danilyuk/PexelsO que ajuda e o que não resolveBeber água ao acordar melhora sintomas ligados à desidratação, como dor de cabeça e boca seca. Mas não atua na inflamação nem acelera a metabolização do álcool.Para quadros mais intensos, Patricia explica que água de coco, isotônicos ou soro caseiro podem ser mais eficazes que água pura, porque repõem eletrólitos, minerais perdidos na urina e no suor, como sódio, potássio e magnésio.O álcool prejudica a absorção de vitaminas do complexo B e aumenta a eliminação de minerais, como magnésio, zinco, sódio e potássio. Por isso, alimentos leves e nutritivos no dia seguinte —frutas ricas em água, vegetais amargos, caldos e proteínas magras —facilitam a recuperação.Comer antes de beber também é eficaz. Estômago vazio acelera a absorção do álcool; já alimentos com proteínas e gorduras retardam esse processo e ajudam a manter a glicemia mais estável.Engov, Epocler e sal de frutas apenas aliviam sintomas isolados da ressacareproduçãoE os remédios? O neurologista Diogo Haddad, do Hospital Nove de Julho, da Rede Américas, alerta que paracetamol deve ser evitado após consumo excessivo de álcool, porque ambos são metabolizados pelo fígado e podem aumentar o risco de toxicidade hepática.Anti-inflamatórios também exigem cautela: o álcool irrita o estômago, e esses medicamentos podem aumentar o risco de gastrite e sangramento gastrointestinal —além de sobrecarregar os rins em pessoas desidratadas.“Automedicação logo após beber não é uma boa prática. O mais seguro é hidratar, repousar e aguardar o organismo eliminar o álcool. Se a dor persistir no dia seguinte, aí sim um analgésico pode ser considerado”, afirma.Os especialistas convergem que fórmulas anti-ressaca, chás e suplementos vendidos on-line não têm evidência consistente. A ressaca é multifatorial e difícil de padronizar em estudos. Não existe substância capaz de neutralizar os efeitos tóxicos do álcool de forma imediata.“A melhor estratégia continua sendo reduzir excessos, alternar bebidas alcoólicas com água e garantir sono, alimentação leve e hidratação adequada”, diz Patricia.














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